A semana foi de queda para as cotações do café. Apesar da notícia mais importante da semana ter sido a prévia, dada pela Secex – Secretaria de Comércio Exterior, de queda acentuada nas exportações brasileiras de café em fevereiro último, aparentemente, fundos e especuladores decidiram realizar lucros, depois da alta de 3 515 pontos em seis semanas consecutivas na ICE Futures US em Nova Iorque.
Em meio a muita oscilação, os contratos de café na ICE americana fecharam no negativo todos os dias desta semana. Hoje, trabalharam em queda forte. Os para maio próximo, bateram em US$ 1,8190 na máxima do dia, e encerraram o pregão com perdas de 435 pontos a US$ 1,7785 por libra peso. Ontem caíram 135 pontos e anteontem perderam 275 pontos. No balanço desta semana, esses contratos para maio somaram queda de 985 pontos. No balanço da semana passada, apresentaram saldo positivo de 195 pontos, fechando a sexta semana seguida de alta, somando ganhos de 3 515 pontos.
A Secex – Secretaria de Comércio Exterior, divulgou na quarta-feira que as exportações brasileiras de café caíram 42% em fevereiro último, quando comparadas às de fevereiro de 2022. Os embarques ficaram em 2,040 milhões de sacas. No mesmo período em 2022 o país embarcou 3.471 milhões de sacas. É uma queda forte e preocupante. Temos agora de aguardar os números completos dos embarques brasileiros em fevereiro, que devem ser divulgados, por volta do dia 10 de março, pelo CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil.
Hoje, a ABIC – Associação das Indústrias de Café do Brasil divulgou que com os aumentos de preços do café nos pontos de venda em 2022, em média, de 35,4 %, o consumo brasileiro recuou 1,01%, para 21,3 milhões de sacas. A alta de preços do café verde, que foi de mais de 100% nos últimos dois anos, explica o reajuste dos preços do produto nas gôndolas. Para a ABIC, a perda de poder de compra do consumidor também teve influência sobre as vendas (fonte: Valor Econômico). Em nossa opinião, a queda de apenas 1 % em um ano tão difícil, com forte aumento nos preços e inflação generalizada derrubando o poder aquisitivo dos brasileiros, é um bom resultado e atesta a força e resiliência do consumo de café no Brasil.
Apesar da queda de 985 pontos em Nova Iorque nesta semana, as premissas para o movimento de alta nos contratos de café nas últimas semanas, permanecem válidas e críveis: A queda nos embarques brasileiros de arábica em janeiro, e, conforme divulgado na quarta-feira, também em fevereiro; o forte crescimento em 2022 das compras de café brasileiro pela Colômbia, segundo maior produtor de arábica do mundo; a queda nos estoques americanos de café verde em janeiro e de café certificado na ICE; os baixos estoques de café verde, tanto nos países produtores, como nos consumidores; as chuvas acima da média nas regiões produtoras de café no Brasil (dificultando os tratos culturais) e a resistência dos cafeicultores brasileiros em vender o que resta da safra 22 nas bases oferecidas pelos compradores.
Interesses de curto prazo de especuladores e fundos explicam as fortes e rápidas oscilações nas cotações do café na bolsa americana.
Agora, as atenções dos operadores estão voltadas para as diversas estimativas privadas – que pipocam quase que diariamente no mercado – para as safras brasileiras de café deste ano e de 2024. Nenhuma dessas estimativas é acompanhada pela metodologia de cálculo utilizada para chegar ao resultado apresentado. Em um país como o Brasil, de dimensões continentais, com sua produção de café, arábica e conilon, espalhada por diversos estados, com clima, solo, latitudes, altitudes, métodos de plantio e tratos culturais diferentes, os serviços necessários para fazer uma estimativa de safra confiável, são caros, demorados e complexos.
Os estoques de cafés certificados na ICE caíram hoje 12.075 sacas. Estão em 774.646 sacas. Há um ano eram de 1.003.338 sacas (é importante lembrar que esses estoques já eram considerados baixos e muito preocupantes nessa época), caindo neste período 228.692 sacas.
O dólar oscilou bastante frente ao real no decorrer da semana e fechou hoje valendo R$ 5,2000. Terminou a sexta-feira passada a R$ 5,1980. Encerrou 2022 valendo R$ 5,2800.
Em reais por saca, os contratos de café para maio próximo na ICE em Nova Iorque fecharam hoje valendo R$ 1 223,35. Ontem encerraram o dia a R$ 1 254,24. Na sexta-feira passada fecharam a R$ 1 290,61. Na sexta-feira anterior encerraram a semana a R$ 1 268,25. Encerraram o último pregão de 2022 valendo R$ 1 166,04.
No mercado físico brasileiro, ao longo da semana, os compradores subiram e desceram o valor de suas ofertas acompanhando as oscilações na ICE e do valor do dólar frente ao real. Os vendedores se mostraram desinteressados. O mercado é comprador, mas os cafeicultores vendem pouco café nas bases de preços oferecidas.
Até dia 2, os embarques de fevereiro estavam em 1.818.829 sacas de café arábica, 79.997 sacas de café conilon, mais 214.247 sacas de café solúvel, totalizando. 2.113.073 sacas embarcadas, contra 2.622.411 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 2 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 2.395.710 sacas, contra 2.998.748 sacas no mesmo dia do mês anterior.
Até dia 2, os embarques de março estavam em 23.595 sacas de café arábica, 9.198 sacas de café conilon, mais 3.120 sacas de café solúvel, totalizando. 35.913 sacas embarcadas, contra 62.189 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 2 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 203.212 sacas, contra 160.488 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 24, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 3, caiu nos contratos para entrega em maio próximo 985 pontos ou US$ 13,02 (R$ 67,75) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 24 a R$ 1290,61 por saca, e hoje sexta-feira dia 3 a R$ 1223,35. Hoje, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 435 pontos.