A forte volatilidade no mercado financeiro internacional esta semana, em um ambiente marcado por aversão ao risco e atenções focadas no setor bancário americano e europeu, em meio aos temores com os desdobramentos da falência nos EUA dos bancos SVB e Signature, e na Europa, com o banco suíço Credit Suisse – cujas ações caíram na quarta-feira mais de 20 % – como centro das preocupações, levou as bolsas de valores ao redor do mundo a recuar e grande parte das commodities a cair com força. No Brasil, o Ibovespa chegou a fechar no menor nível desde agosto, e o dólar subiu. Em Nova Iorque, as cotações das “soft commodities” foram pressionadas. Caíram no decorrer da semana, algodão, suco de laranja, cacau, açúcar demerara e café.
Depois de um dia mais calmo ontem na economia internacional, após a notícia de injeção de até 50 bilhões de francos suíços no Credit Suisse pelo Banco Central Suíço, e o Banco Central Europeu aumentar 0,50 ponto percentual na taxa de juros, hoje, os mercados globais voltaram para o negativo e muitos ativos de risco foram novamente penalizados.
No Brasil, o Ibovespa, que havia subido ontem, rompendo uma sequência de cinco recuos consecutivos, caiu e fechou com perdas de 1,40 %. O dólar, depois da queda de ontem frente ao real, trabalhou em alta e encerrou o pregão com ganhos de 0,57 %.
No café, após uma forte recuperação ontem, os contratos na ICE trabalharam no negativo, tanto em Londres como em Nova Iorque. Na bolsa americana, os contratos de café para maio próximo bateram em US$ 1,8220 na máxima do dia e fecharam valendo US$ 1,7660 por libra peso, em queda de 345 pontos. Ontem subiram 745 pontos e fecharam a US$ 1,8005 por libra peso. Anteontem caíram 285 pontos. Na terça-feira recuaram 375 pontos e na segunda subiram 140 pontos. Depois de todas essas fortes e rápidas oscilações diárias, na balanço desta semana, esses contratos para maio próximo caíram 120 pontos.
Na sexta-feira passada, encerraram o dia com ganhos de 275 pontos a US$ 1,7780 por libra peso. No balanço da semana passada, caíram 5 pontos. Na semana anterior somaram queda de 985 pontos. Nas seis semanas antecedentes à queda de 985 pontos, os contratos de café em NY apresentaram balanço positivo. Os com vencimento em maio próximo acumularam 3 515 pontos de alta nesse período.
A aversão ao risco no mercado financeiro global; a guerra no Leste Europeu, com a invasão da Ucrânia pela Rússia; os baixos estoques de café, tanto nos países produtores como nos consumidores; e as incertezas com os números tanto da apertada produção mundial, como do consumo global de café, criam o ambiente para as fortes e rápidas oscilações diárias nas cotações do café na ICE, cenário ideal para os interesses de curto prazo de especuladores e fundos de investimentos.
A “Green Coffee Association” divulgou no último dia 15, que os estoques americanos de café verde totalizaram 6.104.962 em 28 de fevereiro de 2023. Uma queda de 159.994 sacas em relação às 6.264.956 sacas existentes em 31 de janeiro de 2023. No entanto, em comparação ao mesmo período do ano passado, houve um aumento. O volume registrado em fevereiro de 2022 era de 5,77 milhões de sacas.
As exportações de café dos países membros e não-membros da OIC – Organização Internacional do Café, totalizaram 8,69 milhões de sacas de 60 quilos em janeiro, quarto mês da safra mundial 2022/23, contra 10,23 milhões de sacas registradas no mesmo mês de 2022, caindo 15%. As exportações nos primeiros quatro meses do ano-safra 2022/2023 (entre outubro e janeiro) recuaram 6,0%.
Atingiram 39,889 milhões de sacas, ante 42,418 milhões no mesmo período de 2021/2022.
Como dissemos em nosso último boletim semanal. as atenções dos operadores do mercado estão voltadas para as diversas estimativas privadas – que pipocam quase que diariamente no mercado – para as safras brasileiras de café deste ano e de 2024. Nenhuma dessas estimativas é acompanhada pela metodologia de cálculo utilizada para chegar ao resultado apresentado. Em um país como o Brasil, de dimensões continentais, com sua produção de café, arábica e conilon, espalhada por diversos estados, com clima, solo, latitudes, altitudes, métodos de plantio e tratos culturais diferentes, os serviços necessários para fazer uma estimativa de safra confiável, são caros, demorados e complexos. Na semana passada circulou na internet um quadro com onze estimativas diferentes da safra brasileira de café 2023.
Os estoques de cafés certificados na ICE caíram hoje 1.540 sacas. Estão em 787.375 sacas. Há um ano eram de 1.072.292 sacas (é importante lembrar que esses estoques já eram considerados baixos e muito preocupantes nessa época), caindo neste período 284.917 sacas.
Hoje o dólar voltou a oscilar bastante frente ao real. Chegou a bater em R$ 5,2850 na máxima do dia e fechou o pregão valendo R$ 5,2700 em alta de 0,57 %. Ontem encerrou o dia em queda de 1,04 %. Anteontem fechou em alta de 0,74 %. Na sexta-feira já havia subido 1,30 % e fechado a R$ 5,2080. Encerrou 2022 valendo R$ 5,2800.
Em reais por saca, os contratos para maio próximo na ICE em NY fecharam hoje valendo R$ 1 231,11. Ontem fecharam a R$ 1 248,01. Na sexta-feira passada terminaram o dia a R$ 1 224,89. Na sexta-feira anterior encerraram a semana a R$ 1 223,35. Encerraram o último pregão de 2022 valendo R$ 1 166,04.
Portanto, com a alta do dólar frente a nossa moeda, em reais os contratos de café na ICE em Nova Iorque subiram esta semana.
No mercado físico brasileiro, os compradores subiram e desceram suas ofertas no decorrer da semana, acompanhando a ICE e cotação do real frente ao dólar. Saíram negócios, mas o volume não foi grande. O mercado físico brasileiro permaneceu praticamente travado. O mercado é comprador, mas os cafeicultores vendem pouco café nas bases de preços oferecidas.
Até dia 16, os embarques de março estavam em 1.044.325 sacas de café arábica, 47.900 sacas de café conilon, mais 103.351 sacas de café solúvel, totalizando. 1.195.576 sacas embarcadas, contra 960.494 sacas no mesmo dia de fevereiro. Até o mesmo dia 16 os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em março totalizavam 1.748.403 sacas, contra 1.389.738 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 10, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 17, caiu nos contratos para entrega em maio próximo 120 pontos ou US$ 15,87 (R$ 83,65) por saca. Em reais, as cotações para entrega em maio próximo na ICE fecharam no dia 10 a R$ 1224,89 por saca, e hoje sexta-feira dia 17 a R$ 1231,11. Hoje, nos contratos para entrega em maio a bolsa de Nova Iorque fechou em baixa de 345 pontos.